terça-feira, 29 de março de 2011

O ouvir e o sentir - Para Karyn Krauthein

Há pouco tempo, ouvi minha melhor amiga dizer que amaldiçoava sua memória, porque ela era musical. Ela tem a capacidade inata, como todos nós temos, de associar momentos, pessoas e acontecimentos a músicas que estejam rolando em seu mp3 ( que demodée Danielle, hoje tudo é Ip..alguma coisa...dani-se). Como boa amiga que sou (de vez em quando) re-adotei esse costume, que eu tinha, mas que acabei perdendo até ela entrar na minha vida. E ao lembrar dessa época, em que ela pulou de pára-quedas na minha existência, a primeira coisa que me lembro é de Amy Winehouse, Back to Black . É provável que para ela haja outras que também a joguem nesse momento. Mas na minha cabeça, Karyn sempre será essa música. 
Vieram outras, para momentos extremamente diversos. felizes, tristes, tensos, amargurados. De festa. Celebração. Despedida. Sim, nossa amizade é feita de Encontros e Despedidas.

Encontros, como foi o nosso primeiro, naquela sala de aula mequetrefe, naquela escola mequetrefe.
Eu ainda lembro do tom de respeito. Do cuidado ao falar comigo. Tentando me explicar seus problemas. E eu, delicada como sou, meiga como sou, dei-lhe a primeira bordoada das muitas que eu ainda daria. Mas nessa primeira vez ela apenas escutou. Dali pra frente revidou cada uma delas. Umas com mais força, outras menos, mais nunca mais deixou ninguém a maltratar. Nem eu, ainda que com boas intenções! ( e olha que o inferno está cheio delas!!!!!)

Um ano de convivência. Um ano mágico. Mas então, a realidade bateu e eu tive de vir para Sampa e sua selva de concreto. E por mais feliz que ela tenha ficado, por ver que eu e Rael sairíamos daquela situação horrorosa em que estávamos, tivemos de nos despedir para podermos continuar. Paradoxal? Pode ser, mas a vida às vezes é assim. Reside na distância a amorosidade dos corações. A música que marca esse momento de ruptura é Bittersweet do Apocaliptica. E representa tão bem a agridoce situação da despedida entre duas pessoas que se amam.

O tempo passou. mas para nós, cada vez que nos vemos, é como se fosse aquele ano. Muitas outras músicas vieram. Muitas descobertas, brigas, risos.

Um por-do-sol compartilhado no Solar do Unhão, em Salvador, ouvindo Elephant Gun enquanto o sol descia, majestoso, por entre as águas da baía de Todos os Santos. E nós sentadas, lado a lado ouvindo a música e compartilhando a paz daquele momento, cercadas de pessoas que amamos. Mas ali, sentadas naquelas pedras, nossa amizade ficou ainda mais forte. Porque dividimos nossos sonhos, nossos anseios, nossas alegrias.

E ainda mais. Poderia escrever milhões de páginas. Mas elas nunca conseguiriam contar tudo. Nem do pior momento que passei e que, mesmo longe, eu a sentia ao meu lado.

Tudo isso é para ver se ela melhora. Ela anda triste. Anda em estado "emóico" como ela mesma diz.
Então, eu resolvi fazer esse texto para lembrá-la de tudo aquilo que importa. Não importa a distância, o tempo, sempre seremos a casa uma da outra. O refúgio, o lugar seguro. O lar.
Eu te amo pé grande. Fadinha pin up. Doida de pedra. Amiga, irmã, mãe.

E Dani-se quem não gostou.








4 comentários:

  1. Eu, que sou uma pessoa seriamente inclinada a falar pelos cotovelos, joelhos e por todos os poros do meu pequeno tamanho, fiquei sem ter o que dizer.

    Esse texto me fez lembrar quase que de uma vez só tantas coisas que a gente passou enquanto vocês moraram aqui. E, de fato, me lembrei de muitas outras músicas.

    É fato que Sampa roubou vocês de mim, mas malandra que eu sou, passei a pensar "que maravilha, agora eu tenho mais uma casa". Sinto falta da pequena Batatta, do meu companheiro Baudelaire.

    Sinto falta do seu marido, meu demôniozinho e irmão, quando a gente se junta só sai merda. Israel me lembra Rammstein e "Enjoy the Silence" na versão do Lacuna Coil.

    E você... Você me lembra tudo aquilo que compartilhamos juntas, sejam musicas, momentos, ou os dois. De toda forma, obrigada por estar presente na minha vida.

    Amo você amiga.

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  2. Mas você está se saindo uma senhora cronista, hein?! Parabéns... Continue assim e vamos descobrir outros talentos inatos.

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  3. E para nós, que sempre teremos uma mesa de bar, a canção sempre será: Springtime for Hitler und Germany...

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  4. Nossa Dani, esse texto me arrepiou!!
    Cheio de emoções, lembranças e muito amor.
    A amizade sincera é realmente uma dádiva, penso que é o verdadeiro encontro de almas afins.
    Parabéns pelo blog!!!
    Beijos

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